segunda-feira, 27 de abril de 2009

2deumavez

A sala e a aula

Ao entrar, noto um espaço vazio.
Como se o vazio conseguisse estabelecer uma complementaridade.
Sente-se o calor, a chuva e o frio
E cada aluno vê neste espaço um condicionamento à sua liberdade.

As cadeiras estão riscadas, destruídas e estragadas
pela violência dos alunos, pela não preservação dos materiais.
As mesas sujas, quebradas e esburacadas
transpõem que os alunos expressam-se pelas artes comportamentais.

Cada fila, é como se fosse uma etnia.
Na primeira vê-se os mais atentos ou os mais mal comportados.
Na segunda nota-se aqueles que parecem querer aprender pouco.
Na terceira fila, os que querem tornar o professor louco.
Na quarta são todos os que o nariz respira hipocrisia.
E na última das filas, a quinta servem-se os ignorados.

O quadro negro, parece ter o odor do ódio.
O giz branco parece um guia no meio da escuridão.

O professor, não é lembrado.
Muitas das vezes nem tem significado.
Outros sentem-se importantes, que são donos do «estado».
Aqueles que tentam trabalhar e criar uma cumplicidade são mal olhados.
E os alunos protestam porque as coisas não são do seu agrado.

Como o quadro. Como o giz. Como as mesas. Como as cadeiras.
O professor parece muitas das vezes um objecto perdido no vazio do espaço.
Tornando-se por essas mesmas vezes numa espécie de acessório,
ele não deveria de ser antes um agente educativo?


A cidade

Amanhece, o sol brilha
a água corre pela cantilha
e ao longe vê-se uma ilha
fantástica. A cidade parece
perto e a vaidade
traz consigo a falsidade.

As pessoas movem-se no stresse
não reparando no que acontece
e a confusão traz a solidão.
A cidade fica fria e a lamentação
de uma velhota que está sozinha
contrasta com a contestação
dos professores pela avenida.

Os jovens estragam a cidade,
outros trazem a arte e então é criada a diversidade
e a evolução vê-se estagnada na sociedade.
Destruída por conflitos globais
interesses comerciais e é nos bairros da cidade
que a aculturação é feita por rusgas policiais.
É assim que vejo o desenvolvimento da desigualdade.

Um fosso cultural e económico
que parece tornar o ser humano paranóico.
A loucura já é vista como excesso de liberdade.
Procura-se então uma doença na mentalidade
e assim nasce a auto-destruição da sociedade.

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